Caros leitores, imagino que todos vocês já tomaram conhecimento e inclusive estejam cansados de ouvir falar da “retomada do estado” no conjunto de favelas cariocas conhecido como Complexo do Alemão. Provavelmente já leram alguma coisa na internet ou mesmo ingeriram o positivismo contagiante, ufanista e ilusório oriundo destes jornais sensacionalistas (e talvez tenham até acreditado), mas tomo a liberdade de apresentar-lhes um ponto de vista que julgo ser tão simples que desacredito que vocês não tenham imaginado.
Do começo, quanto a “retomada...” ou retorno como outros veículos batizaram não condiz com a verdade uma vez que o estado nunca se fez presente em tais lugares, logo, se o estado nunca teve como poderia retomá-lo?
Este primeiro questionamento nos leva a um segundo que é o de pensar se agora o estado tomou posse daquilo que nunca requereu o seu interesse, exceto em campanhas políticas eleitoreiras, passará a se fazer presente e embora estejam falando que sim, sabemos que promessa de políticos...
Mas o mais importante e também mais assustador é que uma vez retirado os traficantes de uma determinada favela nada impede que a chamada milícia tome o lugar dos traficantes. Aí vocês me perguntam, mas como se os policiais estão acampados lá? e eu respondo que a milícia é basicamente formada e composta por policiais da ativa e da reserva. Talvez muitos destes que hoje estejam com esta máscara de guerreiros e heróis, sejam os vilões de amanhã e francamente eu não duvido disto.
É claro que sou solidário a todas as pessoas que sofrem e sofrerão com este drama imposto tanto pela criminalidade como pela ausência do estado e inclusive me sinto mal em ser o porta-voz de uma possível futura desgraça mas o que eu pergunto é por que isto não foi feito antes?
Pela facilidade (diga-se de passagem, duvidosa!) que os agentes encontraram para invadir a favela é fácil concluir que se fizessem isto antes a criminalidade neste estado seria mais baixa há tempos. Algo me faz pensar que teve um certo desejo pessoal de dar uma reposta a quem questionava, ou seja, nós do povo, parte da imprensa, pessoas ligadas ao meio artístico de uma forma geral, etc. Só para situar-los toda esta operação (que falavam ter sido planejada por dois anos) só foi executada após as eleições.
É fato que o consumo de drogas nunca acabará e se existem pessoas para comprar, existirão pessoas para vender. O roubo de carros e outros bens nunca acabará e se existem pessoas para comprá-los, existirão pessoas para roubá-los e vendê-los.
A simples “retomada” é uma injeção na auto-estima da população, dos policiais, dos empresários que verão o Rio como uma cidade tranqüila e conseqüente boa para negócios (a começar pelo setor de turismo, talvez uma das grandes razões de toda esta operação), mas infelizmente não representará muita coisa a médio e longo prazo se não vier acompanhado de medidas preventivas e combativas da criminalidade e seus estimuladores como o consumo de drogas, o jogo do bicho, máquinas caça-níqueis, bingos, a compra de produtos piratas, etc.
Hoje sem humor e rezando para eu estar enganado, me despeço.
2 comentários:
Tudo que esta rolando me deixa confuso.. nao sei se comemoro ou se fico ainda mais preocupado!
Não sei, assim como Fabinho, se choro ou sorrio mas algo tinha que ser feito...
Desejo de coraçã que a pupulação aproveite este momento para fazer valer o seu direito.
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